A mais nova edição do Fala Rapeizi! traz a aguardada segunda parte da biografia de Eurípedes Barsanulfo, adaptada por Renan Dias (IV Ciclo) para o nosso blog.
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Eurípedes Barsanulfo – uma vida de exemplos cristãos – Parte II
Por Renan Dias
Baseado no livro “Eurípedes - o Homem e a Missão”, de Corina Novelino
Depoimentos merecedores do mais alto conceito dão-nos conta do zelo religioso de Eurípedes, desde a meninice, quando exercia com muito respeito as funções de “coroinha”, na Paróquia Local. Assíduo nos cultos e sincero em suas convicções que o ligavam à Igreja. No ano de 1903 nosso jovem se encontra com Pe. Augusto Teodoro. Após diálogos amistosos o padre disse-lhe: “Eurípedes, sei que você é católico fervoroso e amigo das boas leituras. Você vai ler este livro – mas, cuidado! – não o passe adiante. A leitura deste livro é proibida pela Igreja e seus adeptos.” E nesse momento o sacerdote passara a Bíblia. Nosso jovem lerá o livro com paciência e fervor crescente todos os capítulos e versículos dos evangelhos. Na mente do jovem fervilhavam angustiosos pontos reticentes ao procurar esclarecimento com o padre, ao receber tais respostas, as considerações não satisfizeram o Espírito analista do jovem, que trazia assim, cravados no Espírito os primeiros acúleos da dúvida.
O espírita Mariano da Cunha, mais conhecido como “tio sinhô”, fazia viagens periódicas a Sacramento e hospedava na casa de sua irmã, fato que constituía grandes alegrias, pois estimava em seu tio um grande amigo. Nessas ocasiões sempre arrumava uma cama no quarto dele onde mantinham porfiadas polêmicas a respeito da nova Doutrina, que estava dominando as consciências. Num desses encontros “tio sinhô”, que se via não sendo a melhor pessoa a esclarecer seus questionamentos, dá a Eurípedes um livro que talvez pudesse esclarecê-las: “Depois da Morte” de Leon Denis, no qual ele o lera noite adentro e ficara impressionado com a lógica expressivamente convincente do autor. Eram os primeiros arrebatamentos que a literatura espírita lhe proporcionara.
Sentia cada vez mais forte, a sede de novos conhecimentos em torno do Espiritismo. Na primeira década do século, a divulgação ainda era precária, desse modo, seu tio fazia chegar a seu sobrinho o reduzido material de propaganda da doutrina à época. É então, num encontro sua madrinha em Conquista que ouve: “você precisa assistir as nossas reuniões, meu filho. Os espíritos estão falando pelo Jason e pelo Aristides, explicando o Evangelho, fazendo todos chorar como nos tempos de Jesus.” O convite de sua madrinha, naquele momento era muito oportuno, Eurípedes prometeu aparecer qualquer dia em Santa Maria para ver de perto como funcionava essas reuniões afinal ainda reservava muitas dúvidas a respeito da comunicabilidade dos Espíritos.
E na sexta-feira da Paixão de 1904, fora para Santa Maria participar dessa reunião. Ao iniciar, se assentaram à sala que se encontrava cheia, com médiuns de incorporação e curadores e também aqueles responsáveis por manter a sustentação vibratória do ambiente. Inicia-se a reunião com uma leitura e em seguida uma prece, logo após a oração um pensamento vibrava-lhe na mente e então resolve fazer o seu pedido e fá-lo mentalmente, como unção: “Tudo compreendi na Bíblia. Mas o meu entendimento está fechado para as Bem-aventuranças. Se é verdade que os espíritos se comunicam com os vivos, rogo um esclarecimento pelo médium Aristides”. Alguns minutos após, Eurípedes ouvia a mais extraordinária dissertação filosófico-doutrinaria, que jamais conhecera, em toda a sua vida, sobre o luminescente discurso de Jesus, ao final da luminosa exposição da entidade. Nesse instante, nosso jovem compreendera, finalmente, o mais perfeito código de consolações, que ao mundo fora dado receber.
Caíram todos os questionamentos: a comunicabilidade dos espíritos é um fato que não se pode opor objeções. Ele mesmo se sentia envolvido em atmosfera desconhecida, que lhe tocava todo o ser de emoção sublime. Desde então se dissiparam as dúvidas porem persistiam os últimos laços com a Igreja na qual ele ia se desfazendo aos poucos, o que gerou grande preocupação pelos padres de sua Paróquia. Mesmo assim retorna ao grupo fraterno de Santa Maria pela segunda vez para assistir uma sessão espírita, no inicio da sessão comunicara o espírito de Adolfo Bezerra de Menezes. A entidade convida Eurípedes a tomar parte da linha, afirmando suas faculdades curadoras. Em seguida, fala o benfeitor Vicente de Paulo. Com mansa serenidade característica, o pai dos órfãos passa as elucidações sobre as finalidades fundamentais de uma instituição, que se assenta em bases cristãs. E o benfeitor acentuou “Abandone, sem pesar e sem mágoa o seu cargo na congregação. Convido-o a criar outra instituição, cuja base será o Cristo e cujo diretor espiritual serei eu e você o comandante material. Afaste-se de vez da Igreja.(...) a partir dessa hora, as responsabilidades de seu espírito se ampliaram ilimitadamente. E completa dizendo que “você atravessará a rua da amargura, com os amigos a lhe ridicularizarem uma atitude que não podem compreender.”
Eurípedes então volta à cidade com o coração banhado de claridades novas e sublimes resoluções. E ao cortar os laços que o prendiam à irmandade São Vicente de Paulo, todos receberam estarrecidos a decisão de Eurípedes, ele assim receberia vários apontamentos da loucura que estava fazendo por parte da Igreja e de amigos; a família se fechava, seus companheiro no liceu de sacramento deixavam seus cargos por conta dessa nova escolha e nesse clima de inquietação geral, produzia efeitos negativos na sensibilidade mediúnica cujas as faculdades afloravam em extraordinários potenciais.
A elevada postura espiritual, todavia, permitiam-lhe vôos a regiões celestes, que o distanciavam dos lugares comuns do cotidiano. Desejoso de aprender com o Cristo a divina lição do Amor, o jovem mantinha a constante da prece, buscando no silêncio do recolhimento, o manancial de forças, que lhe garantiam o sublime magnetismo. Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo. E desde então, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer um dia, servindo até a morte.
Conheça agora algumas das diversas tarefas que Barsanulfo atuava:
Os Campos de Trabalho
O Grupo Espírita Esperança e Caridade
Por essa época, Eurípedes já utiliza suas faculdades curadoras para ajudar os enfermos que a ele procuravam e que lhe atendia gratuitamente em sua própria residência. Anos depois, toda a família se convertera à Terceira Revelação, sob benéfica influência de Eurípedes. E assim foi desenvolvendo suas faculdades mediúnicas. Nessa época auxiliava no Centro Espírita Fé e Amor, de Santa Maria. No dia 27 de Janeiro de 1905 é fundado o Grupo Espírita Esperança e Caridade e assim nos dois anos subseqüentes, numerosos colaboradores definiram posição junto ao Grupo. As tarefas se ampliavam em todas as áreas de serviço. Cada vez mais seguindo em seus trabalhos e convicções no Grupo a despeito de todas as imposições e obstáculos.
O Colégio Allan Kardec
Os companheiros de magistério, no Liceu de Sacramento, abandonaram Eurípedes, após sua conversão ao Espiritismo. O mobiliário escolar fora retirado e o prédio requerido pelos seus proprietários. Todavia a situação era desesperadora até para a área educacional da cidade que, não contava com outro estabelecimento de ensino. Então fora procurado por pais lhe rogando a continuidade das aulas, e assim Eurípedes realiza um planejamento rápido e com um mobiliário improvisado e sem conforto, seguia com um esforço magnífico em prol da educação. As aulas eram ministradas por ele que se desdobrava para dar aulas de todas as matérias programadas e acrescentara o ensino da Doutrina Espírita ao currículo, o que suscitara descontentamento, porém ele se manteve firme. Fundava então o Colégio Allan Kardec, no dia 31 de janeiro de 1907. Anos posteriores o colégio já se tornara referência de qualidade de ensino, os alunos tinham acesso a cursos de nível elementar, médio e superior; tinham aulas sobre o Evangelho e da Doutrina - um colégio no qual dedicara toda sua encarnação a transmitir os ensinamentos que julgava de vital importância para o crescimento daqueles jovens.
A Farmácia Espírita Esperança e Caridade
Não se sabe precisamente a data de fundação; acredita-se que foi no mesmo ano de sua data de conversão ao Espiritismo. Eurípedes trabalhava incansavelmente na área de receituário, manipulação de medicamentos, tarefas de rotulagem e distribuição. A Farmácia era totalmente gratuita, a manutenção fazia-se com o salário do moço, auferido nas duas casas comerciais do pai e com ajuda espontânea de alguns confrades abastados e sempre contando também com a ajuda dos bons espíritos auxiliando no seu trabalho no qual era de grande importância para aquela cidade. Ajudava milhares e milhares de pessoas.
Atividade Diárias de Barsanulfo:
Das 4h às 7h – Receituário de fora
Das 8 às 10hs – Manipulação e despacho de medicamentos
Das 10:30 as 15hs – Atividades educacionais no Colégio
Das 15:30 as 17:30hs – Receituário local e manipulação
Das 19 as 21hs – Tarefas no Grupo Espírita
Referência bibliográfica:“Eurípedes - o Homem e a Missão”, de Corina Novelino
Cap. 7 ao 13
Lembre-se que a seção “Fala Rapeizi!” é aberta à todos os jovens da Mocidade AECX. Participe também escrevendo para mocidade.aecx@gmail.com
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